terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Botijão caro faz mais de um terço da população usar lenha

Preço do gás faz consumidor preferir usar lenha para economizar

Do R7 com Giselli Souza

Mais de um terço dos brasileiros ainda prefere usar o fogão à lenha em vez do botijão de gás, segundo pesquisa cedida com exclusividade ao R7 pelo Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo). Apesar de 95% das residências possuírem botijão de gás, segundo dados do setor, 37% dos brasileiros preferem usar o fogão à lenha para cozinhar, de acordo com Sérgio Bandeira, presidente do Sindigás.
- Não é uma lenha de árvore, é uma lenha catada na rua, que polui o meio ambiente. Se o governo incentivasse na redução do preço do botijão, seja por subsídio ou adequação dos impostos, esse déficit seria zerado e os investimentos retornariam aos cofres públicos em até cinco anos por meio da economia em saúde pública.

Atualmente, o governo estuda diminuir o preço do botijão para R$ 10, por meio de um subsídio do governo, para 12,4 milhões de famílias atendidas pelo programa Bolsa Família. A medida é vista de forma positiva pelo Sindigás, que afirma que o valor do gás poderia chegar a R$ 8 em algumas regiões do país, caso a medida fosse aprovada.

- O governo teria que desembolsar R$ 30 para cada botijão, que dura, em média, de 45 a 60 dias. O preço continuaria o mesmo [em média R$ 40], podendo ser até inferior, dependendo da localidade.

O Estado do Amazonas é o que possui o botijão mais barato, ao custo de R$ 33, segundo estimativas do Sindigás. O motivo é que o Estado zerou os impostos, que somados custam R$ 8, para incentivar o consumo. No restante do país, Minas Gerais é o Estado onde o gás é mais caro, com 18% do valor referente a impostos, seguido pelas regiões do Nordeste, Norte e o Estado do Espírito Santo que pagam 17% do valor em taxas. As regiões Sul e Sudeste pagam 12% do valor do gás em impostos.

- Ironicamente o gás é mais caro nas regiões mais pobres do país. Nós defendemos a proposta do governo, mas achamos que a adequação dos impostos também ajudaria a solucionar o problema.

Entre os problemas apontados na possível aprovação do projeto pelo governo estão: o controle no uso do subsídio, que seria repassado por meio do cartão Bolsa Família, e o uso dos recursos por meio do CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) na ordem de R$ 100 milhões mensais. Por ano, a ajuda poderia ser superior a R$ 1 bilhão.

Contra

O uso dos recursos é motivo de controvérsia por Alexandre Borrjaili, presidente da ASMIRG-BR (Associação Brasileira dos Revendedores de GLP). Ele afirma que se mais empresas entrassem no setor o preço do botijão cairia pela metade, com o acirramento da concorrência.
- O governo está querendo gastar em vez de facilitar a abertura do mercado. Hoje, existe um monopólio e a população paga caro por isso. Eles [as empresas] usam a legislação para monopolizar o mercado e impedir a entrada de novos concorrentes.

O Sindigás rebate as acusações de Borrjaili e afirma que existem atualmente no mercado 22 empresas e 37 mil revendedoras. O R7 apurou que entre as maiores estão ao menos cinco empresas: Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), Liquigás, Ultragaz, SHV Super Gás e Nacional Gás. Para configurar monopólio, somente uma empresa teria que controlar o setor.
Do R7

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